Não te encontro por momentos, instantes raros na minha vida, pedaços de tempo em que é dificil entender como é possivel sentir algo que se entranha por nós e nos consome de forma tão exagerada, que nos corroi e retira lucidez, que nos atira para a dependencia mórbida de precisar de ter algo ou alguém como quem necessita desesperadamente de respirar.
O peso desse sentimento alimenta e atrai momentos oportunos, rebuscadas lamentações de singela e gentil manha carinhosa com que entramos pela madrugada ao som de pios de corujas, prosas tais que arrabatam a nossa forma de olhar o luar e de guardar segredos que nos sacrificam um ao outro.
Uma forma impura de te viver, de querer fazer tudo contigo e de não fazeres nada comigo, sem estarmos debruçados no passado, porque as nossas memórias nao serão nunca perdidas e por isso não necessitam de ser rebuscadas, que os nossos valores são momentos audaciosos para serem vividos com intensidade, perfeitos dias de sol e chuva com a intensidade de uma arco-iris.
Sem ti não chego lá, não encontro o local para onde deveria ir, porque sem ti não vou a lado nenhum, e no entanto tanto tempo sem ti, tanto lugar onde não estive, fragamentos de ideias e imagens confusas que atormentam passos apressados, encontros e desencontros no meio de multidões, olhares indiferentes a quem passa e a quem chora por um amor consistente e que apesar de poderoso, tanta vez nos ignora.
Quando não te encontro por momentos, ápices importantes em que me estranhas e me magoas ainda que nem saibas que o fazes, pequenos grandes instantes de dor sentida e de fracos levantares de cabeça, olhares perdidos no teu infinito, abraços que gelam o sol de agosto, dúvidas esbanjadas ao vento, doces carinhos dissipados por desencontros de mãos e labios que se procuram, e se movem no escuro esforçando-se por encontrar carinho e espaço.
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