terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Silencio-me

Abraços sentidos, passeios pensados, olhares distantes que se perdem no horizonte por entre ondas rebeldes e gaivotas que voam em movimentos circulares à procura de alimento num mar imenso que nos rodeia e fascina. Aproveito a calma do momento para nos nossos olhares distantes recordar lembranças de passeios nocturnos em momentos de namoros proibidos, beijos abraços e carícias vividas em lugares comuns, jardins majestosos, sapatos molhados pelo orvalho de relvas que acumulam histórias, fotos amarelas gastas pelo tempo e luas que se revezam num vai vem previdente. Acordes de músicas distantes afagam o teu cabelo, gestos previsíveis silenciosos revelam emoções que nos aquecem neste final de tarde solarengo e reservado. Sussurro-te ao ouvido frases inventadas na hora que sei que mexem contigo, sei que a vida foi inventada para ser partilhada mas não há memória de duas almas se terem abordado desta forma tão eloquente e tão terna. Encostas o teu ouvido no meu peito e tentas indagar a razão dos silêncios que faço quando te admiro, ou das palavras que ainda não te revelei e que me vêm á mente em sonhos fatais não muito distantes. Procuro dar-te o calor do meu abraço para te confortar do vento agreste que começa a soprar e que arrasta os teus cabelos longos e avermelhados sobre os braços semi-nus deixando escapar perfumes de flores secas de Outono. Enroscas-te em mim, fico preso no tempo, acorrentado no teu olhar meigo, admirando a nobreza do teu toque e silencio-me.

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