sábado, 13 de dezembro de 2008

Amor Proíbido

Grito gestos pensados, momentos e reflexos de carinho escondidos sob a capa de um amor encantador, abraços e olhares trocados em silêncio em noite  iluminada por uma grande lua cheia que cobre o nosso amor de um faustoso manto de incertezas e actos irreflectidos, na busca da paz que um amor proibido nos impede de tocar ao de leve. 
Amo-te tanto que escondo pecados roubados e desejos determinados pelo toque de vontades, ou fragmentos de gritos que em sonhos conturbados num espaço de revolta, me atormentam a vontade de viver na incerteza de um dia poder gritar aos sete ventos que o nosso amor é lindo.
A dor é tão grande que me perco com frequência em lembranças ou simples pensamentos de nós, na tentativa de me anestesiar do pesadelo que é viver-te sempre á distância, mas até aí, a censura das vozes me atormentam, como se me quisessem dilacerar a alma e despojar-me de todos os sentidos que me impeçam sequer sonhar-te.
Um amor proibido, um fruto apetecido por memórias de perfumes mesclados com sonos profundos, recordações de futuros incertos e presentes minguados, evaporam a mais simples presença de ti no meu corpo, atirando-me para a profundidade da tristeza, para um lugar imundo cortado pelo tempo que não passa nunca, minutos imensos que tornam os meus dias em lugares detestáveis. Um poço sem fundo, um lugar de escuridão profunda e silêncio imposto por asfixia de sentimentos, um pedaço de frio que nos atravessa os ossos e nos consome em madrugadas infindáveis, em dias de interminável tempestade.
Por mais que me digas que não me podes amar ou que não me mereces, ou que escondas o olhar quando me atiras frases feitas de tempos perdidos, permaneço apesar da aflição de não te ter, lúcido e calmo. Nem sempre um amor assim é um amor perdido, por uma paixão forte luta-se, sofre-se e vive-se, sente-se com firmeza, e eu amo-te tanto que sinto a dor que te trespassa o peito quando a insónia te desperta a alma, enquanto eu te procuro e não estás em parte nenhuma, enquanto escondes as verdadeiras razões pelas quais mentes e te disfarças atrás de dias já antes percorridos, e que terminaram em nada. 
Entre sentimentos de amores que não são esquecidos e de amores que não querem ser vividos fica o vazio dum amor eterno perdido, ou dum mundo inteiro para percorrer em busca de outras dimensões, de outros amores, de outros como eu. Há dias em que o mundo é deste tamanho, sim desse tamanho pequenino, da forma da tua mesquinhez quando decides desistir de mim, dum amor perdido, duma alma dilacerada pela dor, porque pior do que não ter esse amor desejado, é não ter lutado intensamente por um amor proibido.

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.

"Luís De Camões"

3 comentários:

Manuela Curado disse...

Simplesmente maravilhoso
e bem sentido por mim.
Palavras que já quiz dizer
mas não consegui
por não saber escrever assim

Bobbyzé disse...

Pedro!Estou completamente XISTADO (nao conheces este termo?Foi inventado por mim e tem a vêr com a Aldeia dos Xistos -uma estoria muito longa para ser contada) com este teu blogue!!!IMPRESSIONANTE!!
Conheço pessoalmente a DEE DEE BRIDGEWATER. Vive em Paris e é uma miuda porreira!Tem uma voz espectacular!Jà ouviste a JOSS STONE? E a perola da Soul Music actual!O concerto da TRACY CHAPMAN foi estupendo mas estava um frio dos diabos naquele recinto que nem imaginas!!!Bom, a miuda continua a querer mudar este Mundo!!Estava radiante com a chegada do OBAMA!!Serà que ele vai mesmo mudar alguma coisa?Duvido muito!!!

Pedro Sarmento disse...

Olá Bobbyzé, fico contente que gostes de me ler, e hás-de contar-me essa história da Aldeia dos Xistos.
Sobre a Dee Dee Bridgewater, ainda hoje me deliciei a ver um DVD dela que comprei - Live in Antibes and Juan-Les-Pins - fantástico. Conheço a Joss Stone também claro. SObre o Obama, esperamos todos não é, mas melhor que o Bush tb não será muito difícil.
Abraço e obrigado.
Pedro