Ainda hoje o cheiro do teu corpo atravessa o meu pensamento como naquele primeiro dia em que me provocaste com a nudez das tuas palavras. Atormentas-me sempre que te despes de ideias menores, e re-descobres a inocencia perdida sem que a vergonha que em menina te assolava a consciência e te fazia corar te magoe. Atiras ao ar sorrisos que cortam o meu olhar penetrante e fresco e aumentas o desejo que sempre tenho de te dizer que não me perco nesses sorrisos, apesar de sempre que penso em ti, querer sentir o teu abraço quente e forte, sinónimo da paixão que nos une.
Gosto de saber que acordas em cada dia como se uma nova oportunidade de vida te tivesse sido oferecida, e que calas as palavras com que imaginas confrontar-me, mas que não consegues dizer, apenas porque o desejo de seres minha é mais forte do que a firmeza com que os meus dedos acariciam a tua pele aveludada. No luar do nosso canto, notas frescas de beleza e de tormento redopiam entre beijos longos e projectos de futuro, e por mais que pretendas libertar-te, queres cada vez estar mais presa a mim porque nós somos o teu projecto. Nunca imaginaste um dia sentir algo assim, nem nunca o odor de alguem te tinha pregado o olhar e tolhado o sentimento, algo que tanto desejavas e reprimias, porque sempre tiveste medo de te sentir dessa forma. Chega um momento em que já não resistes e aos primeiros raios de sol da manhã desesperas de desejo e ardes de vontade de gritar ao mundo, todo explendor de ideias que te assolam as entranhas do teu passado e da frescura dos pensamentos que serão os teus próximos momentos. O meu corpo faz-te endoidecer e por mais que queiras não consegues apagar os traços de todos os passos que deste para te embrenhares em mim, porque neste momento o teu corpo é um espelho de mim, e o teu cheiro a terra molhada num dia de Outono infiltrou-se nos teus seios e nos meus lábios tornando-se num perfume inebriante e envolvente, numa forma magnética que nos atrai e nos consome.
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